Era primórdios de 2005 quando a febre azul me atacou. Como todas as febres da vida, o vírus chegou por ter curiosidade demais. Curiosidade mata. Foi no ambiente do ensino médio, ao me deparar com uma matéria de capa da Super Interessante que descobri ela. Queria mesmo ser parte daquela nova comunidade exclusiva que pedia convite para entrar. Por sorte ou maldição do acaso, uma colega de sala tinha um irmão que tinha um conhecido que morava em algum lugar da américa do norte e, por sorte, tinha conta na cobiçada rede (ufa!). Pedi, caso o irmão dela a convidasse que, por favor, ela me enviasse o convite. Dito e feito. Entrei, assim, no mundo das redes sociais com uma conta feita por esta amiga (sim, não fui capaz sequer de criar a conta) e aí começa a minha história.
As pessoas na internet são criativas. E, claro, nas mídias sociais elas não iriam permanecer na visão limitada apenas de trocar mensagens. Hoje a gente vê de tudo. Brechó, promoção de loja de eletrodoméstico, manifestação de cunho social, autoafirmação de egos inflados. Achar pessoas que não via há anos ou facilitar contato com alguém que esteja longe virou detalhe diante do leque de possibilidades. Claro, dentro do leque tem muita coisa que incomoda. Aquele conhecido chato que te adicionou e te convida para compartilhar a foto da promoção ou aquela amiga que ficou com um estudante de medicina e sai marcando seu nome em cartaz mal feito da 679ª chopada do curso são exemplos clássicos de elefantes na rede. Incomodam muita gente.
As pessoas na internet são criativas. E, claro, nas mídias sociais elas não iriam permanecer na visão limitada apenas de trocar mensagens. Hoje a gente vê de tudo. Brechó, promoção de loja de eletrodoméstico, manifestação de cunho social, autoafirmação de egos inflados. Achar pessoas que não via há anos ou facilitar contato com alguém que esteja longe virou detalhe diante do leque de possibilidades. Claro, dentro do leque tem muita coisa que incomoda. Aquele conhecido chato que te adicionou e te convida para compartilhar a foto da promoção ou aquela amiga que ficou com um estudante de medicina e sai marcando seu nome em cartaz mal feito da 679ª chopada do curso são exemplos clássicos de elefantes na rede. Incomodam muita gente.
Assim como as solicitações de aplicativos que surgem a cada segundo de respiro, há outro fenômeno que cresce no mesmo fluxo: as cutucadas. Lembro bem a primeira vez que ouvi o termo. Pensei que fosse piada."O facebook, uma rede - na época - tão séria não criaria uma ferramenta 'cutucar'". Pois bem, criou. Aos desavisados de riso frouxo, cutucar é uma diversão. Cutucar tia, avó, primo, cunhado, desconhedico. Ê festa! O prazer talvez não estivesse sequer em cutucar, mas sim encontrar a vítima por aí e falar: "Cê viu? Cutuquei você lá no livro azul". Ou então, tirar vantagem em roda de amigos. "Cutuco todo mundo, sou cutucador". Ok, livre arbítrio existe.
Cutucar é aquela ferramenta que tem significados, no plural. Pode ser, inclusive, para mostrar interesse em alguém. "AMIGA, ele me cutucou". Ou ajudar àqueles que ainda estão no armário e desejam o corpo nu de alguém. Nesses casos a reação é "KKKKKKKKK". Cutucar também pode servir como pré-requisito para estereótipos de gente sem noção. Cutucar, aliás, pode ser um carinho de mãe que cutuca filha. Um amor. Perigoso mesmo é quando a sua definição de cutucar é diferente da concepção da vítima cutucada. 'Fábio, melhor amigo de Joana, resolve expressar sua amizade e a cutuca. Joana, após ter recebido a cutucada, para de falar com Fábio.' Entendem? Tão confuso.
Além das infinitas interpretações, a semântica da palavra também incomoda. Segundo o dicionário online Priberam, cutucar significa "Dar levemente com o cotovelo em (para chamar a atenção)". Ou seja, na verdade o significado dá margem a possíveis consequências. O ato em si não quer dizer nada. A ferramenta é apenas um início e não aquele ou outro contexto. Cutucar não é nada aquilo de demonstrar interesse em alguém ou uma representação do amor. Cutucar, na verdade, é uma confusão. É nada.
Confusão por confusão, prefiro me abster do uso da ferramenta.
Darlan Caires