quinta-feira, 12 de julho de 2012

Mallu e o "no more folk"

Foi folheando a edição da BRAVO! de julho em uma livraria que reconheci Mallu em uma das páginas. O assunto não era Mallu, mas sim sobre Tom Zé e seus aliados da nova geração musical inseridos em um contexto neotropicalista. Eu demorei a reconhecer. "É Mallu?", observei. Procurei o nome. Era. Cara de adulta, vestida de gente grande moderninha, a cantora (sim, hoje cantora) estava estampada do lado esquerdo da página citando a magnificiência do Tom Zé. Claro, Camelo também estava inserido no contexto da matéria.

Mallu ainda na época do "Tchubaruba"
Saí pensativo da livraria. As recentes aparições de Mallu, depois de um chá de sumiço, começam a fazer sentido. A Mallu-leãozinho de 15 anos e com problemas disléxicos em responder perguntas de programas ao vivo tinha, a princípio, manchado toda a possibilidade da cantora ter uma carreira que despontasse. O relacionameto atípico pela diferença de idade com Camelo foi, na época, outra discussão que tirou o foco da carreira musical. Mallu de fenômeno da internet virou babado do momento. Aí sumiu.
Já nem lembrava direito o sobrenome quando teasers do "Velha e Louca" começaram a aparecer pela TV e internet. Mallu tomou fermento, "cresceu para cima", colocou franja, rímel e ficou mulher, mais bonita. A adolescência folk passou.


Mallu em sua nova fase
A música que embalava o teaser divulgando a "neo-Mallu", lembro, também era boa. E o trecho dava curiosidade. No dia do lançamento da canção baixei e joguei o arquivo no celular. Mesmo sendo Mallu, era boa. Música boa a gente não dispensa.
A letra da canção que deu força para Mallu na mídia condizia com o contexto o qual ela estava construindo. Imaginem, quem não quer ouvir alguém que tomou chá de sumiço e apareceu dizendo que estava velha e louca? Eu queria...
Ainda com a primeira imagem folk malluniana na cabeça pensei: "'Velha e Louca' vai ser como 'Tô nem aí' da Luka. Todo mundo vai ouvir e depois esquecer". Lembram? Péssima comparação, eu sei. E, para mim, aconteceu. Aliás, quase acontecia. Passei duas semanas incluindo a música na playlist do celular que sempre escuto durante minha rotina, música boa para acordar. Dias depois fui ouvindo cada vez menos e a música quase deixou de ser música para ser arquivo que ocupa espaço em cartão de memória.
Aí apareceu "Sambinha bom" acrescentando positivamente. Quem depois de ver Mallu ressurgir de um jeito todo diferente e, em seguida, aparecer wave em um clip sambinha mpb de bom gosto ia lembrar da Mallu old? A campanha para apagar isso aqui tá forte! E Mallu (ou Camelo) pelo jeito vai conseguir.

Recordo que questionei em minha página do facebook "Que estilo é mallu?". Escrevi a publicação me baseando apenas nas duas canções lançadas/publicizadas que chegaram até a mim. Como prometi na publicação, parei para ouvir todo o cd "Pitanga" e, sublinho, o pensamento não muda: o cd é uma mistura. Que estilo é Mallu?

Mallu como garota-propaganda da campanha de inverno 2012 da My Shoes. Foto: Fábio Bartelt
Se estivesse em uma livraria e precisasse encaixar o cd em uma das sessões da prateleira, certamente criaria uma categoria especial para Mallu. Ela preservou muita coisa nesse álbum. Músicas em inglês continuam e, por um momento, a canção "Highly Sensitive" me trouxe Kid Abelha à memoria. Uma mistura que tá boa. Destaque também para "Cena".



É, certamente toda essa mistura musical é sinal de renovação não da Mallu, a artista; mas sim da música. Os estilos não são mais estilos e sim apenas placas norteadoras. Com a função de ajudar qual horizonte você quer seguir. Quem sabe daqui alguns anos essas nomenclaturas estilísticas caiam visto a quantidade de coisa diferente que anda aparecendo por aí.

Dou 4 estrelas para "Pitanga".

Para quem quiser provar da pitanga de Mallu:
Obs1: Falei de Luka no post e lembrei que ela está nas seletivas do The Voice Brasil. Prevendo uma edição fail sim ou claro? . Obs2: Outros exemplos de artistas intituláveis e 'inecaxáceis' em categorias assim como Mallu: Banda UÓ e Gaby Amarantos.
Darlan Caires